* Regina Broitman Santos
Venho
por meio desta missiva esclarecer à comunidade judaica do Estado do Rio de
Janeiro e do Brasil, na qualidade de Presidente eleita da Sociedade Hebraica de
Niterói, acerca da venda do clube que:
A
Sociedade Hebraica de Niterói é um clube particular, sem fins lucrativos, e que
objetiva o entretenimento e o congraçamento da comunidade judaica local, com
foco em atividades sócio-culturais e esportivas. Fundada há 52 anos graças aos
esforços e a contribuição financeira de seus sócios fundadores, hoje, a
Hebraica é mantida pelo trabalho voluntário da sua Diretoria, pelas
mensalidades de R$ 55,00 pagas pelos atuais 49 sócios proprietários e 20 sócios
contribuintes e pelo aluguel de nossos espaços a uma grande academia esportiva.
A
Hebraica de Niterói possui um Estatuto, autonomia jurídica, conselhos
deliberativo e fiscal, bem como assessoria jurídica interna e externa, além do
recém-criado Conselho de Vatikim, que fiscaliza as ações dos conselhos e
assessorias, dando total transparência às decisões da Diretoria, que não são
submissas à FIERJ nem a quaisquer outras instituições israelitas do Rio de Janeiro,
tendo sido decidida a venda do clube através de votação aberta em assembléia,
pela maioria dos sócios proprietários.
Registre-se
que a Hebraica de Niterói teve seu auge nos anos 70, quando era frequentada por
muitos jovens e crianças. Foi o período das grandes festas dos grupos
universitários, quando tínhamos um grande núcleo do Hashomer Hatzair, além de atividades culturais com música judaica
popular e chassídica, através de suas várias leakot. Recebemos inúmeros prêmios
e troféus nos Festivais de Música Judaica do Rio de Janeiro e no Brasil, e
revelamos grandes talentos até a comunidade maior, como a nossa estrela Ithamara
Koorax.
Porém,
há cerca de 30 anos, observou-se o começo de um processo de êxodo entre as
famílias judias de Niterói. Isto provocou o esvaziamento não apenas de nosso
clube, mas de todas as demais instituições judaicas da cidade. Com isso, a
Hebraica chegou a um ponto crítico, à beira da falência, momento no qual o clube
se viu obrigado a alugar o seu espaço para academias de ginástica. Graças a
isto, salvamos a Hebraica da falência. Mas não pudemos resolver o problema do
déficit gerado pela inadimplência, provocada pelo fato de uma grande parcela de
nossos ex-sócios não mais se importarem com o clube.
Nesse
passo, um grupo de sócios proprietários liderados por mim e pela minha família,
insatisfeitos com esta situação e não aceitando a proposta de venda do clube,
começou a trabalhar contra a venda da Hebraica de Niterói, através do fomento
de atividades ligadas ao judaísmo tradicional e à cultura judaica, inclusive
incrementando as atividades religiosas e restabelecendo o núcleo de movimentos
juvenis sionistas, tais como o Hashomer Hatzair, o Habonim Dror e o B’nei Akiva
(mesmo com pouquíssimas crianças e jovens), além de aulas de Hebraico e de
dança israeli; artes; culinária e competições esportivas, sendo sempre apoiado
pelas senhoras voluntárias da Wizo e da Naamat Pioneiras. Tudo isto culminando
com a minha primeira eleição por voto direto para o cargo de Presidente da
Sociedade Hebraica de Niterói, há sete anos.
Nesta
nova gestão saneamos as finanças do clube, deixando-o em situação financeira
confortável, com dinheiro em caixa e quites com todos os impostos. Mantemos o
pagamento dos nossos funcionários e de seus encargos trabalhistas em dia, sendo
tudo isto informado a todos os sócios através de balancetes trimestrais
apresentados pelo jornal “Kadima”. No entanto, permanecemos alugando o clube,
haja vista que a receita propiciada pelos R$ 55,00 mensais de 69 sócios (proprietários
e contribuintes) não são suficientes para manter o clube de pé.
Assim,
demos continuidade às atividades judaicas, fizemos uma reforma geral no clube,
colocando um elevador panorâmico para que os idosos possam participar das atividades
nos três andares; renovamos o salão de festas, o salão de jogos, as piscinas e
banheiros; repaginamos o jardim e o anexo onde ocorrem os almoços (para 8 a 10 pessoas) e os churrascos
gratuitos aos domingos, com cardápio variado da culinária judaica e geral;
organizamos festivais de filmes judaicos, incrementamos as atividades do Coral
da Hebraica de Niterói regido pelo maestro Mauro Perelmann e comemoramos as
datas do calendário judaico, sempre abrilhantadas pelos talentos musicais da
comunidade, tais como Varda Usiglio, Clarita Paskin, Grupo Zemer, Haroldo
Goldfarb etc., além de artistas convidados da comunidade maior.
Infelizmente,
apesar de todos os nossos esforços e da nossa luta árdua, fomos vencidos pelo
esvaziamento do clube, devido à idade avançada dos sócios e inúmeros
falecimentos, pela assimilação e pela quase inexistência de jovens, que
continuam a migrar para o Rio de Janeiro em busca de uma comunidade judaica
tradicional e repleta de pessoas, haja vista que nossa escola judaica fechou
suas portas por falta de alunos há 30 anos. O snif da Naamat Pioneiras encerrou
suas atividades definitivamente e as outras instituições da cidade também
caminham nesta mesma direção.
Tristemente
assistimos aos estertores de uma kehilá que nasceu e floresceu em nossas
dependências, mas que agora chega ao seu fim por não ter resistido às
exigências da vida moderna.
E
que reste claro que o dinheiro obtido com a venda do clube será dividido igualmente
entre seus sócios proprietários adimplentes, por decisão da Diretoria do Clube
e apoiada em votação aberta em Assembleia, com amparo legal nos Estatutos da
Sociedade Hebraica de Niterói.
* Regina
Broitman Santos é presidente
eleita da Sociedade Hebraica de Niterói.
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